Há
perto de uma semana que a comunicação social entretém o país
apenas com recurso a um tema – uma espécie de novela com um
presidente de um clube, depois dos jogadores desse clube terem sido
alvo de agressões no seu centro de estágio. Há perto de uma semana
que todos os outros assuntos foram relegados para a mais absoluta
irrelevância: Palestina e Israel, Coreia do Norte, etc.
Mesmo
no que diz respeito à vida interna, o país está em suspenso até
segunda-feira, dia subsequente à realização de uma final de
futebol.
A
classe política essa não se afasta totalmente do futebol porque
sabe a importância que aquilo que deveria ser um mero entretenimento
tem para a vida de muitos cidadãos. Nesse precisa medida, a classe
política não se imiscui de cair na tentação de comentar os
assuntos futebolísticos. De resto, o país está também em suspenso
na medida em que foi preciso chegar até domingo – dia do tal jogo
– para se perceber se Marcelo Rebelo de Sousa iria ou não
comparecer à tão ansiada final.
O
país, a reboque da comunicação social e despido de uma classe
política que resista às tentações do populismo, no que diz
respeito ao futebol, cai num único tema e sem que daí saía
qualquer espécie de reflexão, tudo encarado num contexto de
normalidade.
Na
verdade, o que se passou com o clube de futebol nunca foi apenas um
caso de polícia, mas um assunto a que toda a pátria diz respeito,
sobretudo quando transformado em novela de pacotilha.
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