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O que move Donald Trump?

O que move Donald Trump? Para além do seu ego? A última peripécia pode lançar o Médio Oriente e não só para o caos – o reconhecimento de Jerusalém capital de Israel não é apenas uma afronta, mas um retrocesso sem precedentes, num contexto já por si particularmente difícil. E então? O que move Trump?
No caso concreto de Jerusalém, há várias possibilidades: agradar à facção mais extrema do Partido Republicano; agradar a grupos de pressão judaicos; agradar a uma indústria do armamento que vê novas possibilidades de negócio se abrirem com este disparate; tentativa de mostrar ao seu séquito que está empenhado em cumprir promessas – esta última hipótese é promissora na precisa medida em que qualquer idiota com um grande ego necessita do reconhecimento de outros idiotas.
No entanto e apesar destas hipóteses, o que leva Trump a procurar o isolamento dos EUA, nesta questão em particular, como no caso do Acordo de Paris e de praticamente todas as medidas anunciadas?
A resposta pode muito bem ser indissociável da tal necessidade de validação por parte da sua base de apoio – uma resposta que, pela sua simplicidade, até assusta. Ora, se aquilo que o move é a necessidade de validação por parte da sua base de apoio e se essa validação só é alcançada através do cumprimento do prometido, então importa que nos preparemos para mais desastres, isto pelo menos até não existir um processo de destituição que, diga-se de passagem, já esteve bem mais longe do que está.

Por cumprir está o muro na fronteira com o México, fechar fronteiras, revogar o acordo com o Irão, etc.

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