Os
maus resultados do PCP, designadamente da CDU, no contexto autárquico
deve-se, muito provavelmente, a um conjunto de razões que podem
partir da redução da abstenção com novos votantes a procurarem a
mudança em autarquias tradicionalmente comunistas; pelo
expectável
desaparecimento de votantes pertencentes a gerações mais antigas;
culminando
provavelmente
com movimentos cíclicos em que o PCP sai beneficiado com o voto de
protesto, o que não se verificou tendo em conta a inexistência de
razões para esse voto.
A
reação da cúpula do partido não podia ter sido pior, chamando a
atenção, desde logo, para um potencial arrependimento do eleitorado
e, num segundo momento, apontando o dedo aos restantes partidos da
“geringonça”, acusando-os de culpa pelos maus resultados da CDU.
Ora,
o absurdo e a cobardia parece terem tomado conta da Soeiro Pereira
Gomes, acontecimento, aliás, que não será inédito entre os
comunistas, sobretudo em tempo de vacas magras.
No
entanto e apesar desse absurdo, não vejo razões para se afirmar que
o futuro da solução política que PCP e Verdes integram está em
jogo. Não está, e por muito que essa ligação até às próximas
legislativas provoque um amargo de boca em muitos comunistas, e não
só, o PCP e os Verdes veem-se
obrigados
a aguentar. Não há alternativas. Se o PCP abandonasse esta solução
política dois cenários seriam os mais prováveis num contexto de
eleições antecipadas: maioria absoluta do PS, com o resto da
esquerda a apontar o dedo aos comunistas pela sua
saída
do poder; ou impossibilidade da esquerda atingir a maioria e elaborar
acordos, regressando a direita ao poder, com toda a esquerda fora do
espectro comunista a apontar o dedo aos comunistas.
Em
suma, não há alternativa, deixando
o Partido Comunista a desviar as atenções de si próprio, apontando
o dedo aos outros, pressionando a CGTP para sair à rua, em mais uma
espécie de prova de vida.
E assim se esgotam os instrumentos do PCP.
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