O
Presidente da República, mantendo-se fiel a si próprio, mostrou
estar junto das populações que foram assoladas pela tragédia dos
incêndios. E aquilo que dificilmente seria criticável - o apoio, os
gestos de afectos e de solidariedade - começa a sê-lo. O primeiro a
abrir as hostilidades terá sido o deputado do CDS, Hélder Amaral,
que alega que não bastam "beijinhos no dói-dói". De
seguida vieram os comentadores de pacotilha que, finalmente, viram
uma oportunidade para criticar um Presidente que é diametralmente
oposto a Cavaco Silva e que, também por essa razão, passou a ser
detestável.
Escusado
será dissertar sobre a importância de gestos como aqueles que são
agora alvo de crítica, se não se percebe a sua importância, então
pouco haverá a fazer.
Por
outro lado, a ideia que nada haverá a fazer – ideia essa atribuída
ao Presidente - estaria relacionada com a força da natureza; se Deus
tivesse sido evocado talvez os ânimos serenassem. Situação que
poderia bem ter acontecido, tendo em linha de conta as crenças de
Marcelo Rebelo de Sousa. De resto, a líder do partido de Hélder
Amaral, dizia rezar para que chovesse e assim apagar o fogo das
florestas.
Enfim,
procura-se atingir um Presidente que muito tem procurado estar junto
de quem precisa, correndo riscos óbvios de ser considerado
populista. Ainda assim, essa proximidade fará a diferença para quem
neste momento está num sofrimento atroz.
Como
declaração de interesses, importa referir que não sou, nem nunca
fui ideologicamente próxima do actual Presidente, mas reconheço
estar perante alguém que procura desempenhar as suas funções com
grande empenho. Ainda assim, prefiro os beijinhos de Marcelo no
dói-dói do que as ferroadas, o cinismo e o cinzentismo do anterior
Presidente da Repúblico. Prefiro eu e, não tenho dúvidas, a maior
parte dos portugueses.
Sendo
certo que vozes de burro não chegam ao céu, creio que as críticas
infundadas e injustas que começam a chover sobre o Presidente
merecem estas linhas. Ele simplesmente não pode mais e muito tem
procurado fazer, enquanto outros, em circunstâncias semelhantes,
embora não com um desfecho tão trágico, continuavam as suas férias
como se nada se passasse. Tempos em que o desprezo era rei,
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