As
instituições europeias, fortemente germanizadas, insistem na
questão das sanções, que serão aplicadas aos países
"incumpridores", mais concretamente a Portugal e Espanha. A
postura das instituições torna-se particularmente chocante depois
das convulsões na Europa, sobretudo depois do Brexit. De resto,
questiona-se como existe tanta preocupação com umas décimas de
défice e tanta complacência com tudo o que enfraquece a própria
UE.
Todavia
e apesar da estranheza que tudo isto nos causa, creio existir uma
estratégia bem pensada. Com efeito, não há muito a perder,
sobretudo no que toca aos Estados-membros mais relevantes, e se, em
última instância, alguns Estados-membros saírem da UE, deixam
espaço para os mais ricos poderem fazer um clube mais restrito. De
resto, os mercados periféricos já foram mais apetecíveis. Por
conseguinte, o enfraquecimento e subsequente saída de alguns
Estados-membros poderá ser um mal que até vem por bem. E pelo
caminho os países resgatados continuarão a ser forçados a pagar as
dívidas à banca alemã que, tudo indica, também se encontra num
estado preocupante. Países como Portugal, Espanha ou Grécia só têm
utilidade enquanto pagarem as dívidas à banca alemã, sobretudo
depois de esta ter sofrido um forte abalo com a crise do subprime.
Depois disso tornar-se-ão inúteis.
A estratégia poderá muito bem ser esta, o que explica a aparente obsessão com décimas, com défices, com quem pouco conta no conjunto da UE.
A estratégia poderá muito bem ser esta, o que explica a aparente obsessão com décimas, com défices, com quem pouco conta no conjunto da UE.
E
Espanha, dir-se-á? Como se aplica a mesma teoria a um Estado-membro
que tem peso na UE? Apesar de Espanha ter a sua relevância no
conjunto da UE, é um país do Sul, difícil de governar, pouco coeso
e futuramente poderá representar um problema que os mais ricos da UE
dispensam.
É
claro que esta estratégia - a ter algum fundo de verdade - não
acarreta em si mesma um futuro promissor. A ideia de se ter uma UE
mais pequena, excluindo os problemáticos, reunindo os mais ricos,
tem um problema: sem o Reino Unido, com a França enfraquecida, sob
todos os pontos de vista, e com outros Estados-membros, outrora
considerados exemplares, como a Finlândia ou a Holanda, também eles
enfraquecidos, pouco restará para fazer um clube de ricos. Não será
esta a opinião de Schaüble. Para já as coisa correm-lhe bem: os
países periféricos, inexoravelmente subjugados e entregues à
austeridade, canalizam o seu dinheiro para salvar a banca alemã.
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