Depois
de uns dias na Madeira, sem pressas para o que quer que seja, o
Presidente da República entretém-se ouvindo mais umas
personalidades, deixando escapar experiências do passado que não
encontram paralelo com o que se passa hoje. Cavaco esteve 5 meses em
gestão (eu diria mais, tendo em conta a inércia em momentos
decisivos), mas porque sofreu uma moção de censura por parte do
PRD; sem maioria parlamentar o Presidente da altura, Mário Soares,
dissolveu a Assembleia da República e convocou novas eleições.
Hoje Cavaco não pode fazê-lo.
Ninguém
quer um Governo de gestão e Cavaco - que tanto gosta de ouvir
"pessoas" - prefere ignorar esquerda e direita e até
candidatos à Presidência da República. Marcelo Rebelo de Sousa já
afirmou que o país precisa urgentemente de um Orçamento de Estado
e, apesar de contido nas palavras, não revela qualquer entusiasmo
com a possibilidade de um Governo de gestão. Nem o próprio PSD se
mostra interessado nessa possibilidade, apesar de insistir na ideia
obtusa de uma revisão constitucional que permitisse a marcação de
eleições... já.
O
ainda Presidente da República,
uma vez mais,
prefere isolar-se. Cavaco mostra estar muito longe de ser um
Presidente capaz, preferindo confundir-se a si próprio com o país -
uma megalomania confusa e inquietante. Subsistem as dúvidas quanto
ao que Cavaco Silva pretende fazer - as indirectas do costume não
ajudam a clarificar o que nos espera -, mas resta uma certeza: Cavaco
Silva ficará indubitavelmente conhecido como o pior Presidente da
República dos anos da democracia.
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