Desde
o primeiro momento Alexis Tsipras manifestou a vontade de mudar o que
está errado com a Grécia, fazendo do combate à corrupção e ao
funcionamento errático do Estado bandeiras da sua governação.
Porém, Tsipras precisa de tempo e de estabilidade - precisamente o
que tem sido rejeitado pelas instâncias europeias.
As
propostas da Grécia são, ainda assim, mais amplas: A Grécia almeja
uma espécie de "New Deal", pagando a dívida consoante o
crescimento económico. Faz sentido? Faz. Não fará sentido para as
mesmas instâncias europeias a reboque de uma Alemanha intransigente
que parece apostada em fazer da Grécia e da sua audácia - ao não
ter escolhido uma solução política seguidista - exemplos para o
resto da Europa. A ideia parece ser: se nos afrontam sofrem as mais
viscerais consequências. Um recado também para Espanha e para
outros países que se preparam para escolher Governos
anti-austeridade.
As
consequências da intransigência da Europa, para não lhe chamar
outra coisa, são inquietantes, sobretudo perante a razoabilidade das
propostas gregas. A saber: se a Grécia sair do Euro e eventualmente
da própria UE terá de procurar outras fontes de financiamento que
não passarão pela Europa. É isso que se pretende? E com essas
novas fontes de financiamento assistiremos a alterações
substanciais no plano geoestratégico. Será que é mesmo isso que se
pretende?
Respondendo
à questão em epígrafe, as propostas da Grécia estão longe de
serem descabidas ou até mesmo inexequíveis.
Esse é, aliás, o único caminho viável para a Grécia, um caminho
que pressupõe mais tempo, estabilidade e o fim das políticas que
estão a destruir o país. Tudo aquilo que tem sido recusado por uma
Europa, apesar
de tudo,
irreconhecível.
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